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sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Toritama, retrato do caos: até uma geladeira foi roubada




Localizada a 170 km do Recife, com uma população de 35 mil habitantes, Toritama produz o melhor jeans do País, mas é uma terrível matriz geradora de políticos. O ex-prefeito Flávio Lima (PSD), que sumiu da cidade desde que perdeu a eleição por uma diferença de 4,3 mil votos, é o mais notório exemplo dessa realidade.

Deu adeus ao poder sem deixar rastros das suas traquinagens: boa parte dos computadores que registravam a gestão financeira do dia a dia da Prefeitura desapareceu. Os poucos que restaram foram encontrados sem memória e danificados. Assessores do prefeito Odom Ferreira (PSB), que tomou posse na última terça-feira (2), tiveram que recorrer ao Portal da Transparência para tentar recuperar as informações fiscais.

Com as contas bloqueadas pelo Ministério Público, recurso encontrado pelos servidores para tentar receber seus salários em dezembro passado – dois meses em atraso e o 13º - a nova gestão trabalha no escuro porque todos os documentos sumiram da Prefeitura e os arquivos apagados dos computadores.



Em três dias de trabalho, a Secretaria de Finanças conseguiu informações extraoficiais de débitos que chegam a R$ 7,2 milhões, dos quais R$ 6 milhões processados e R$ 1,2 milhão em processamento para autorização de pagamento, isso sem falar no passivo com fornecedores e a Previdência Social, que são astronômicos, segundo informações preliminares.

QUADRILHA

O ex-prefeito deixou Toritama paralisada do ponto de vista administrativo. Há três dias não se faz empenho, não se paga, nada se contabiliza e não há uma relação formal entre o poder público e os eventuais prestadores de serviços. Só restou ao prefeito decretar estado de emergência administrativo e deixar em funcionamento apenas os serviços tidos como essenciais.

Segundo levantamento feito pela Secretaria de Governo, o que aconteceu nos dias que antecederam a posse do prefeito só pode ser comparado a uma ação de quadrilha. Pessoas ligadas ao ex-prefeito foram vistas saindo do seu gabinete de madrugada com computadores; carros da frota oficial ficaram sem pneus de estepe, sem som, sem bateria e até ambulâncias foram depenadas.



Na Secretaria de Ação Social, vários computadores desapareceram, móveis sumiram e até uma geladeira foi roubada, sem falar no sumiço de vários aparelhos de ar-condicionado. Há três dias não se emite carteiras de identidade no município, porque a única máquina existente apareceu quebrada.

Nas repartições públicas praticamente todos os serviços estão paralisados porque não há, sequer, papel ofício branco. “Os serviços públicos de Toritama, hoje, são feitos por voluntários. Eu mesmo já comprei papel e até água”, diz o advogado Roselino Lima, lotado na Procuradoria.



A herança maldita não fica por ai. O único hospital do município passou a funcionar precariamente nos últimos três dias, depois de um período de 20 dias fechado por falta de médicos e remédios, assim como os postos de saúde. As escolas da rede municipal de ensino estão sem condições de receber os alunos porque a maioria dos prédios está sem telhado, sem energia e sem água.

Mesmo recorrendo ao bloqueio das contas do município, os servidores não conseguiram receber os salários de novembro, dezembro e o 13º. Com isso, os mais necessitados, como é o caso dos garis, estão sobrevivendo praticamente da caridade alheia, esmolando para não morrer de fome.

Em quatro anos, o ex-prefeito é acusado de ter provocado o maior inchaço da máquina pública. A Lei de Responsabilidade Fiscal diz que os municípios só podem comprometer 54% da sua receita com pessoal, mas em Toritama chega a 67%. Na herança repassada, Flávio deixou um débito com a Celpe superior a R$ 50 mil.



Com isso, algumas repartições estão às escuras. Nas ruas, o lixo toma conta da cidade, exalando mau cheiro e colocando em risco a saúde da população. O matadouro público é outro exemplo da falta de compromisso do ex-prefeito com a coisa pública. Ali, homens e cachorros se misturam, o esgoto é a céu aberto em frente ao refeitório dos funcionários. A carne, retalhada no chão.


magno martins 

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