Apoio do Blog

Apoio do Blog

Web Radio Jataúba com Cristo aperte o Play e curta os melhores hinos do momento.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Torcedores ou vândalos? O passo a passo de uma barbárie anunciada



Quando se cruza as informações oficiais repassadas pelas autoridades de segurança de Pernambuco com vídeos postados nas redes sociais, áudios trocados entre integrantes das torcidas organizadas de Santa Cruz e Sport, e relatos de quem participou do confronto, é possível traçar a cronologia dos fatos e a dinâmica que levaram às cenas de violência e crueldade nas ruas da Madalena e Torre, sábado, antes do Clássico das Multidões.

A sequência de fatos e erros também é a crônica de como aquilo que poderia ter sido apenas mais um episódio de violência – a partir de um furto de objetos de pouco valor econômico – acabou se transformando em uma crise política de âmbito estadual, insuflada por decisões da própria governadora Raquel Lyra e de sua equipe.

O furto dos instrumentos musicais

O embate que quase acabou em tragédia começou a ser desenhado na noite da quinta-feira, 30 de janeiro, para a madrugada da sexta-feira, 31, quando integrantes da Explosão Inferno Coral furtaram uma faixa e 10 instrumentos de percussão que estavam guardados na casa de um integrante da Torcida Jovem do Sport conhecido como “Jeba”.

Não houve violência no episódio, pois “Jeba” teria sido distraído em uma “balada” com vizinhos enquanto os rivais entraram em sua casa e levaram os objetos. No universo dos torcedores organizados, quem se apodera de peças como instrumentos musicais, faixas, bonés e bandeiras dos adversários costuma exibi-los como troféus. É uma humilhação para quem os perde.

Sexta-feira de expectativa

A informação do furto da bateria espalhou-se pelas mídias sociais imediatamente. Na sexta-feira, véspera do clássico entre Santa Cruz e Sport, a expectativa na cidade era de que os rubro-negros da Jovem fossem à forra contra os tricolores da Explosão Inferno era grande entre o público que acompanha futebol.

Às 11:37min daquele mesmo dia, a organizada do Santa Cruz protocolou ofício no Batalhão de Choque da Polícia Militar informando que seus integrantes iriam se reunir em dois pontos da Região Metropolitana do Recife: na avenida Caxangá, perto do terminal integrado, e no centro de Jaboatão, de onde um ônibus saiu em direção ao estádio do Arruda pela BR-101. As organizadas chamam de “bondes” essas concentrações de componentes.

Correria em Prazeres

A manhã de sábado começou com a circulação nas redes e no whatsapp de vídeos de correrias provocadas entre grupos de torcedores nos bairros da Muribeca e Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes. Um áudio de um dirigente da Jovem da zona sul que viralizou na segunda-feira, 3 de fevereiro, explica o que aconteceu: “a gente varreu os caras em Prazeres”. Traduzindo: os integrantes da Jovem perseguiram e colocaram para correr os torcedores corais naquele bairro.

A suposta invasão da Ilha do Retiro

Por volta das 10h, centenas de integrantes da Inferno que estavam concentrados na confluência da avenida Caxangá com a BR-101 iniciam o deslocamento a pé até o bairro da Madalena, onde dobrariam à esquerda para o Arruda. De acordo com Adriano Costa, ex-coordenador da Associação Nacional das Torcidas Organizadas (Anatorg) apenas uma viatura da PM, com quatro homens acompanhavam o “bonde”.

A “marcha” da Inferno pela Caxangá incomodou a Jovem. É o que deixa claro um texto atribuído a Arthur Renato, o “Major Renatinho”, ex-presidente da organizada, afastado por suspeita de envolvimento no ataque ao ônibus dos jogadores do Fortaleza em 2024: “Por erro de planejamento, emoção e empolgação pra ‘cobrar’ a fita da bateria ou até mesmo pra não deixar os caras marcharem na Caxangá, avenida que somente a jovem marcha, os cabeças decidiram ir de encontro com a caminhada deles”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário