Foto:Divulgação
A Polícia Federal (PF) revelou um sofisticado esquema de corrupção dentro do Presídio de Igarassu, na Região Metropolitana do Recife. A investigação aponta que detentos desfrutavam de uma rotina de privilégios ilícitos, com acesso a prostitutas, entregas de comida por delivery e festas regadas a uísque, cerveja e música ao vivo, tudo com a conivência de servidores públicos.
As descobertas integram a segunda fase da Operação La Catedral, deflagrada na terça-feira (8), e têm como figura central o detento Lyferson Barbosa da Silva, conhecido como “Mago” ou “Lobo”. Apontado como líder do esquema, Lyferson exercia a função informal de “chaveiro” do pavilhão e, segundo as investigações, levava uma vida de luxo dentro da unidade prisional.
De acordo com relatório obtido pela imprensa, Lyferson é acusado de gerenciar um laboratório de produção de crack, instalado dentro do espaço cultural do presídio, e de monopolizar o tráfico de entorpecentes na unidade. O detento também intermediava a entrada de visitantes sem vínculo familiar com os internos, bem como o ingresso de alimentos não autorizados e equipamentos eletrônicos — como televisores, freezers e aparelhos celulares.
Além de facilitar a entrada desses itens, Lyferson também negociava a devolução dos mesmos após eventuais apreensões, mediante pagamento.
Segundo a PF, o detento mantinha contato direto com o então diretor da unidade prisional, Charles Belarmino Queiroz, a quem chamava de “Charles Bronson”. Ambos discutiam questões financeiras, como lucros obtidos com a venda de mercadorias na quitanda do pavilhão e comercialização de joias dentro do presídio.
As demandas “cotidianas” da rotina ilícita — como o ingresso de garotas de programa e pedidos por aplicativos de entrega — eram tratadas com o chefe de disciplina, Eronildo José dos Santos, conhecido como “Seu Eron”, e com os policiais penais Cecília da Silva Santos e Everton de Melo Santana. Todos os citados foram alvo da operação e estão presos preventivamente.
A operação teve início a partir da apreensão do celular de Lyferson, no qual foram encontrados registros de mensagens, fotografias e vídeos que comprovam a existência do esquema, inclusive conversas sobre tráfico de drogas, regalias na unidade prisional e até ordens para ataques a órgãos públicos.
As investigações continuam sob sigilo judicial, mas evidenciam o profundo nível de corrupção estrutural na unidade prisional, levantando questões sobre a fiscalização e o controle efetivo nos estabelecimentos de privação de liberdade em Pernambuco.