Dr. Sérgio Kignel explica quais os tipos de enfermidades que podem ser transmitidas e como preveni-las.
Na época de Carnaval, além das marchinhas, fantasias, confetes e serpentinas, a folia também está solta nos romances relâmpagos em festas, blocos de rua e avenidas. E, durante a comemoração, o hábito de beijar na boca, que é visto por muitos como inofensivo, é constante e traz o perigo de transmissão de várias doenças, desde as mais simples e inofensivas até as sexualmente transmissíveis.
Em cada gota de saliva há cerca de dois bilhões de bactérias, além de vírus causadores de outras doenças, como a denominada “doença do beijo” ou mononucleose, que surge por conta dos vírus Epstein- Barr (EBV). Esta enfermidade pode provocar febre, dor no corpo e na garganta, entre outros sintomas. Apenas para lembrar, o vírus pode ficar incubado de 30 a 45 dias no organismo e só depois aparecerem os sintomas.
A gengivite e a cárie dental também podem ser algumas das doenças transmitidas pelo beijo. A gengivite consiste em uma inflamação e infecção que destrói os tecidos que dão sustentação aos dentes. Já a cárie, é causada por bactérias que afetam os dentes e que pode ser transmitida de uma pessoa para outra.
“Entre as várias doenças que podemos citar, há o Herpes labial, que apesar de poder ser controlado, não tem cura. O herpes pode aparecer como um machucado geralmente nos lábios próximo a comissura (canto) da boca ou até mesmo em outras partes do corpo. No estágio das “bolinhas” (vesículas), da ferida ou na cicatrização, quando ainda estão presentes as “casquinhas”, é altamente infectante”, explica Dr. Sérgio.
Além dos vírus citados, há a gripe comum que é altamente contagiosa pelo beijo. E, apesar, de não haver nenhum surto atualmente, a gripe suína também pode ser contraída desta forma.
Não há contágio - “É importante citar que a Aids não pode ser transmitida por meio do beijo, pois até hoje não existe nenhum registro na literatura citando esta forma de contágio. Já entre as hepatites, apenas a do tipo C não é transmitida pelo beijo, e no caso da B, o cuidado dever ser redobrado”, ressalta.
Prevenção
A melhor forma de se proteger com relação à transmissão de doenças pela boca é evitar beijar muitas pessoas em um curto espaço de tempo, tenha o indivíduo alguma ferida na boca ou não. A ausência de dentes ou dentes com manchas escuras também devem ser observados. Porém, no caso das pessoas com machucado na cavidade oral, como aftas e gengivite ou algum corte, há a sensibilização da mucosa, que facilita a entrada dos micróbios, se você estiver nesta situação deve repensar se vale a pena o “risco”.
“E depois de tudo isto, não esqueça que a higienização rigorosa com escova e fio dental é sempre fundamental para a manutenção da saúde bucal”, finaliza.
Curiosidades sobre beijo
Um beijo apaixonado pode significar a aplicação de uma pressão de 12 quilos sob os lábios
Uma pessoa troca, em média, 24 mil beijos ao longo de toda a sua vida, desde os maternais até os apaixonados.
Quando beijam, 97% das mulheres fecham os olhos e apenas 37% dos homens fazem o mesmo.
Sobre o Dr. Sérgio Kignel
O Dr. Sérgio Kignel é especialista em Estomatologia, Professor titular de Semiologia da UNIARARAS e Mestre e Doutor em diagnóstico bucal pela FOUSP-SP, sendo considerado uma das mais respeitadas referências em diagnóstico oral no Brasil.
À frente da tradicional Clínica Kignel, em São Paulo, o Dr. Sérgio é uma autoridade em neoplastias bucais, congressista nacional e internacional e autor de livros como “Diagnóstico Bucal” e “Estomatologia, base do diagnóstico para o clinico geral”, única obra de Odontologia a receber o 1º lugar do concurso Jabuti, em ciências da saúde.