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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Após 37 anos, macaco tratado como filho é tirado da família




O macaco-prego Chico, que há 37 anos vivia com uma família de São Carlos (SP), foi retirado do local, na manhã deste sábado (3), pela Polícia Militar Ambiental após denúncia. O animal se agarrou ao pescoço da dona e ofereceu resistência ao ser levado da casa. Elizete Farias Carmona, de 71 anos, que o tratava como filho, passou mal e teve que ser levada ao pronto-socorro.


De acordo com Fernando Magnani, biólogo de São Carlos e vice-presidente da Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil, o macaco pode oferecer resistência para se adaptar após tanto tempo domesticado.

“A reintegração de primatas é possível se houver acompanhamento técnico específico e investimento. E se for apresentado a um grupo como o seu, o sofrimento pode ser reduzido, mas se não conseguir se reintegrar, ele pode sofrer muito”, explicou.

Segundo o tenente da Polícia Militar Ambiental Leandro José Oliveira, que acompanhou a retirada do macaco, em março foi dada uma licença provisória para que Chico ficasse com Elizete até que fosse encontrado um lugar adequado para ele, o que aconteceu agora.

Ainda segundo o policial, como a idosa não tem documentos que comprovem o direito de manter o macaco, não haveria como ficar com Chico. A dona de casa foi advertida e vai responder pelo crime de manutenção de animal silvestre em cativeiro. Chico foi levado para a sede da Associação de Proteção aos Animais (APA), em Assis, que fica a 330 quilômetros de São Carlos.

Notificação

Segundo o filho de Elizete, o aposentado Everaldo Forlan, uma notificação á havia sido entregue à sua mãe há dois meses. “Nós sabíamos que isso poderia acontecer, mas fomos pegos de surpresa porque os policiais disseram que ele estava domesticado e só seria investigado, sem ser retirado dela”, relatou.

Forlan disse que o animal não queria deixar a casa e mostrou muita resistência. “Até os policiais ficaram com dó da minha mãe. O Chico não queria ir”, contou.

“Quando a polícia chegou, ele ainda estava dentro da casinha dele, meu pai o retirou, ele ficou no colo da minha mãe para tomar leite, como faz toda manhã, e depois meu pai foi pegá-lo para colocá-lo de volta na casinha para ser levado, foi quando ele fez um berreiro e não queria sair do colo da minha mãe de jeito nenhum”, relatou.

Elizete chegou a desmaiar e foi encaminhada para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), com queda na pressão. Ela fez exames, já que tem problemas no coração, foi medicada e repousa em casa.

Causas


A família não sabe o que pode ter motivado a retirada do animal de dentro da casa e aguarda a ajuda de algum advogado para poder recorrer da decisão da Justiça. “Em 37 anos ele nunca mordeu ninguém. A vizinhança adora ele, tanto é que depois que ele foi embora, pelo menos umas 30 pessoas vieram até a casa da minha mãe para prestar solidariedade”, disse Forlan.


Segundo ele, o macaco seria levado pela família para uma chácara nos próximos dias. “Queríamos deixá-lo em uma chácara, mas agora com esses acontecimentos não sabemos o que fazer”, lamentou. De acordo com o tenente, entretanto, nesse caso não cabe recurso.

História

Chico vivia há quase 40 anos com a família no Jardim Beatriz e sempre foi tratado como filho pela dona de casa Elizete. O macaco-prego chegou a ganhar o sobrenome da família e seu nome completo é Francisco Farias Carmona.

O animal virou a atração dos moradores no bairro. Crianças e adultos sempre paravam na calçada para brincar com ele. Chico retribuía o carinho e até jogava beijos quando via alguma garota, segundo sua tratadora.

O macaco chegou ao bairro por meio de um caminhoneiro vindo do Mato Grosso. Ele frequentava a casa da família devido à amizade que mantinha com a mulher e com os filhos.

Denúncia

Em entrevista ao G1, em fevereiro deste ano, Elizete contou que há mais de 20 anos recebeu fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) junto com soldados da Polícia Ambiental em casa devido a uma denúncia.

“Eles entraram e viram as condições e como o Chico é tratado. Até minha vizinha interveio e disse que se levassem o macaco, eu morreria porque ele é como um filho. Desde então, recebi autorização", contou na época. Entretanto, a idosa não conseguiu localizar a documentação que comprove essa licença.

Segundo o Ibama, não há como legalizar a situação. Quando há uma denúncia, os fiscais vão ao local, aplicam multa, apreendem o bicho e o levam para alguma instituição. Caso não exista um ambiente para receber o animal e não for constatada nenhuma irregularidade onde ele vive, é feito um Termo de Fiel Depositário. Com esse documento, a pessoa não pode ser multada novamente.

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