
O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), por meio do Gabinete da Central de Agilização Processual, condenou o Estado de Pernambuco ao pagamento de R$ 30 mil em indenização por danos morais à mãe de um jovem de 19 anos morto durante uma operação da Polícia Militar, em julho de 2019, em Santa Cruz do Capibaribe. O caso ganhou repercussão nacional devido à exposição pública dos cadáveres em viaturas, em um episódio que foi classificado por entidades como um “espetáculo macabro”.
A ação judicial refere-se à operação que ocorreu após o assalto a uma lotérica em um supermercado no bairro Dona Lica 2. Durante a perseguição, no bairro Malhada do Meio, os assaltantes reagiram, resultando na morte do policial André Silva e no ferimento grave do sargento Moacir Pereira, que morreu 18 dias depois.



Oito suspeitos foram mortos em um sítio na Paraíba, após ação conjunta das polícias de Pernambuco e da Paraíba. Os corpos foram transportados nus ou parcialmente nus, empilhados em caçambas de viaturas, sob aplausos populares. A cena foi amplamente divulgada por vídeos e imagens nas redes sociais.
A sentença
A juíza Maria do Rosário Arruda de Oliveira discordou do argumento do Estado de que não haveria provas da exposição desumana dos corpos. Segundo a magistrada, os registros de vídeo e imagem comprovaram o desrespeito à dignidade póstuma.
“A exposição pública de um cadáver em tais condições, despido e amontoado em uma viatura, representa um grave atentado à dignidade póstuma e causa profundo sofrimento, angústia e humilhação aos familiares”, afirmou em sua decisão.
A advogada Márcia Araújo, que representa a mãe do jovem, alegou na ação que a operação foi marcada por violação à cena do crime e impossibilitou a realização de perícia. Na ação, ela solicitou indenização de R$ 150 mil. Apesar disso, a sentença fixou o valor em R$ 30 mil, valor que a defesa considerou baixo. Márcia também representa familiares de outras vítimas da mesma ação, cujos processos ainda tramitam.
O que diz o Estado
Nos autos, o Governo de Pernambuco sustentou que não há provas de abusos na operação e que os agentes agiram em legítima defesa. Em nota enviada, o Estado informou que foi intimado da decisão no dia 1º de agosto e avalia a possibilidade de recorrer da condenação.
Repercussão
À época, a ação policial recebeu duras críticas de entidades de direitos humanos. O Conselho Estadual de Direitos Humanos da Paraíba (CEDH-PB) divulgou nota classificando o ocorrido como um “grotesco ato de vingança selvagem” e afirmou que a operação feria os princípios de uma ação policial racional e planejada.“Tal cenário concorre não para o fortalecimento, mas para o descrédito da atividade policial”, destacou a entidade.
Blog da Polo
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