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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Após rebelião com dois mortos, PAISJ já tem novo diretor

Roger Moury volta ao comando da unidade depois de três meses. Ele havia sido substituído por Ricardo Pereira, que caiu ontem mesmo por causa do desgaste provocado pelo motimDetentos responsabilizaram Ricardo Pereira pelas mortes ocorridas durante o tumulto da última quinta / Foto: Diego Nigro/JC Imagem

Detentos responsabilizaram Ricardo Pereira pelas mortes ocorridas durante o tumulto da última quinta


Menos de 24 horas depois de ser deflagrada a rebelião que deixou dois presos mortos e outros oito feridos, o governo já decidiu quem será o novo diretor da Penitenciária Agroindustrial São João, em Itamaracá. Roger Moury volta ao comando da unidade depois de três meses. Ele havia sido substituído por Ricardo Pereira, que caiu ontem mesmo por causa do desgaste provocado pelo motim. Uma faixa com a inscrição “o diretor matou 5” chegou a ser estendida por detentos numa das grades. A Secretaria de Ressocialização, a Seres, já confirma a troca de comando e a escolha pelo ex-diretor. Roger Moury e Ricardo Pereira são agentes penitenciários de carreira.

O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários de Pernambuco (Sindasp-PE), Nivaldo de Oliveira Junior, comentou a queda de Ricardo Pereira à Rádio Jornal, e considerou que "a decisão do governo foi movida pela repercussão da mídia". "É preciso refletir que a PAISJ é um presídio semiaberto, que comporta 1.870 detentos e possui entre 4 e 5 agentes penitenciários. A gestão dessa quantidade de presos é complicada, vistas as condições insalubres em que se encontra o presídio", comentou.

Oliveira elogiou o trabalho do então ex-diretor Ricardo e declarou que profissionais que queiram realizar "um trabalho sério" certamente serão alvo de críticas por parte dos presos e da sociedade em geral. "Eu conheço o trabalho de Ricardo. Sei que quando ele chegou lá, tentou eliminar uma série de vícios que existiam para com os presos. Claro que ele ia ser criticado, mas é preciso tomar uma atitude. Não estou querendo dizer que não houve excessos, mas o problema é que o presídio está em condições precárias", destacou.

A rebelião foi causada pela insatisfação dos presos com a atual direção do presídio. Eles reclamam que o atual diretor da unidade, Ricardo Luiz Pereira, trata mal presidiários e familiares, oferece alimentação de péssima qualidade e não permite a entrada de comida trazida por parentes. Familiares comentaram que os presos já chegaram a pagar a quantia de R$ 0,50 para utilizar o banheiro. Um efetivo de 50 policiais do Batalhão de Choque foi ao local. Com a chegada do BP Choque, o clima da manifestação foi amenizado, mas ainda está sendo negociado o fim do tumulto. O CB informou que quatro viaturas foram enviadas para Itamaracá e uma pessoa já foi socorrida.

Do lado de fora do presídio, era possível ouvir os manifestantes gritarem palavras de ordem, como: Fora o diretor! Fora o diretor! Alguns detentos subiram no telhado da penitenciária, armados com pedaços de madeira. Familiares dos presos já estão na portaria, mas não foi permitida a entrada de ninguém.

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