Material foi recolhido e levado para perícia no IML. Foto: Arquidiocese de Olinda e Recife
O escândalo da venda e aluguel ilegal de túmulos no Cemitério de Santo Amaro ganhou mais um capítulo na manhã desta quarta-feira (11). Policiais civis da Delegacia da Boa Vista e agentes do Instituto de Criminalística (IC) apreenderam 43 sacos e urnas com ossadas humanas escondidos no interior da Igreja de Santa Cruz, uma das mais tradicionais do Centro do Recife. O material será analisado e os laudos anexados ao inquérito, que investiga 34 irmandades católicas, além de padres e funcionários de funerárias.
Em nota oficial, nesta tarde, a Arquidiocese de Olinda e Recife afirmou que está “contribuindo com as ações da Polícia Civil acerca da investigação sobre as atividades das irmandades e confrarias”. Confirmou ainda que o material recolhido foi enviado para o Instituto de Medicina Legal (IML), onde será submetido a um exame antropológico, que ajudará a identificar o sexo e a idade do cadáver. A polícia investiga a origem desses ossos encontrados.
A intervenção da Arquidiocese às irmandades teve início em 1º de novembro, dois dias após o Diário denunciar com exclusividade o esquema de venda ilegal dos túmulos. Uma comissão formada por três religiosos e dois advogados foi criada para investigar, por 90 dias, as entidades religiosas, que podem ter integrantes expulsos caso as denúncias de irregularidades sejam comprovadas.
Com a intervenção, as irmandades foram obrigadas a enviar os documentos solicitados pela comissão, entre eles descrição dos estatutos, atas de reuniões, números do CNPJ e um relatório de quantos túmulos estão vendidos, alugados e desocupados. O aluguel dos túmulos em Santo Amaro também passou a ser feito exclusivamente via boleto bancário, na Cúria Metropolitana, nas Graças. O valor de R$ 200 foi fixado, evitando o superfaturamento investigado pela polícia. Vagas eram vendidas por até R$ 800, segundo notas fiscais apreendidas.
O escritório da comissão para a emissão das autorizações de cessão de uso dos túmulos funciona todos os dias, das 7h às 17h. “Estamos funcionando de acordo com o expediente do Cemitério de Santo Amaro. As taxas são cobradas por meio de boletos bancários”, afirmou o presidente da comissão arquidiocesana responsável pela intervenção, padre Miguel Batista.
Diário de Pernambuco
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