Há três anos morando no Recife com a família, o gaúcho Maurício Sanchotene, 19, estudante de Jornalismo, estava na cidade de Santa Maria visitando a avó com a namorada, a pernambucana Beatriz Borba. Eles estavam na boate Kiss naquela noite, mas pouco antes de começar o show da banda, a garota insistiu para ir embora. Somente às sete da manhã, quando a notícia se espalhou, eles se deram conta da tragédia.
A mãe do menino, Eliane Gomes, soube do incêndio pelo próprio filho. Para ela, um alívio, mas a informação trouxe também a dor pela mortes de jovens que eram conhecidos da sua família.
Vocês chegaram a que horas na boate?
Maurício - Por volta da meia-noite. Mas com pouco tempo que estávamos lá, Beatriz quis ir embora. Pedi para a gente esperar mais um pouco, mas ela insistiu. Por volta das 2h30, nós já estávamos indo para casa.
Beatriz - Eu não estava me sentindo bem no lugar, não sei o que era, mas não era para eu estar lá. Acho que não posso dizer que foi um pressentimento, mas o que eu queria era ir embora.
Quando souberam da tragédia?
Maurício - Acordamos mais ou menos às 7h com as ligações dos amigos e parentes perguntando se eu estava bem, se tinha notícias de outros amigos. Na hora, nem acreditei. Depois, soube que os dois amigos com os quais eu fui para a boate haviam falecido.
Como está a cidade?
Maurício - Eu sou gaúcho, mas já morei aqui por dois anos. A cidade parece outra, está tudo parado, todos de preto.
Beatriz - É tudo muito triste, muito ruim. Muitas pessoas nos hospitais, nas funerárias. A gente nem sabe o que dizer.
Da Central de Jornalismo Rádio Liberdade
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