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sábado, 15 de março de 2014

DNA da política pernambucana está exposto na transição de Eduardo Campos para João Lyra

Por Ângelo Castelo Branco, jornalista e autor do livro “Provocações da Memória” editora Bagaço

Curioso como a história praticamente se repete, dando créditos aos que defendem a tese pela qual para se conhecer o futuro é necessário se vasculhar o passado. A edição deste sábado (15), do Jornal do Commercio, merece ter suas páginas de Política analisadas sob os aspectos da recente história pernambucana. O que os analistas classificam de azedume (sic) nas relações entre o governador Eduardo Campos, que renuncia a cadeira dentro de um ritual constitucionalmente perfeito para alçar voo rumo a uma campanha presidencialista, e o vice João Lyra, é na verdade um sintoma há muito diagnosticado na cena política.

Caberia ao então governador Manoel Borba, de temperamento arrojado e corajoso, cunhar uma frase na década de 20 que continua atualíssima e para todas as esferas de poder, tanto na vida pública quanto nas corporações privadas. “Ninguém governa governador” disse ele ao antever que uma vez sentado na cadeira do Palácio do Campo das Princesas ou no salão oval de Washington qualquer que seja o titular do poder será naturalmente induzido pelo desejo de entrar na história pela porta da frente, deixando se possível as suas marcas pessoais, de preferencia indeléveis e perpétuas.

Até hoje a frase de Borba não perdeu a validade haja vista o racha entre os ex-prefeitos petistas do Recife, João Paulo e João da Costa, episódio típico do equívoco praticado pelos que imaginam prorrogar mandatos através de mãos e cabeças de sucessores. Desencarnar de vez seria a melhor conduta para os que partem. Muitos, entretanto, continuam tentando exercer um controle que a história desaconselha.

Nos anos 50 o então jovem e promissor empresário Cid Sampaio, presidente da Federação das Indústrias de Pernambuco, decidiu entrar com firmeza no epicentro de um movimento que se opunha ao código tributário proposto pelo então governador Cordeiro de Farias, e elaborado pelo seu secretário da Fazenda, o emérito professor Clélio Lemos.

As classes produtoras rebelaram-se na época e até os ambulantes (fiteiros) que vendiam cigarros nas ruas da capital fecharam suas barracas em solidariedade ao movimento paredista decretado pela indústria e pelo comércio protestando conta o apetite da máquina fiscal. Eis que o também ex-presidente da Federação das Indústrias do estado, senador Armando Monteiro Neto, trilha sobre a mesma tese de Cid Sampaio ao disparar críticas à política tributária do governo estadual que para ele penaliza os pequenos empreendedores pernambucanos.

A luta pela derrota do código tributário iria pautar a exitosa campanha eleitoral de Cid Sampaio e assumiu tamanhas proporções que levou o jornalista Clodomir Morais e publicar o livro “Queda de uma oligarquia” edição de 1959 da Editora Gersa, em cujas páginas ele narra fatos alusivos à queda do até então imbatível PSD e da vitória da UDN nas eleições majoritárias de 1958.o episódios que desde então formam um complexo DNA da política pernambucana.

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