Em entrevista concedida na Rádio Filadélfia FM, o vice-prefeito Dimas Dantas (PP), ao longo de mais de duas horas, fez diversas revelações de bastidores na primeira participação em uma emissora de rádio após o anúncio de sua saída da Secretaria de Educação.
Entre as revelações polêmicas ao radialista Alberes Xavier e sua equipe, na Rádio Filadélfia FM, estão um suposto esquema de boicote por parte de pessoas do governo as ações da Secretaria de Educação, a imposição quanto ao nome de Alessandra Vieira pelo prefeito, o cartão vermelho a José Augusto Maia e o conflito de interesses em relação a nomeação de Joselito Pedro.
Confira os principais pontos da entrevista:
Críticas aos prefeitos da região
Nesse ponto, Dimas citou que há uma falta de contato entre os prefeitos, cujas cidades têm na confecção a sua base econômica e se mostrou preocupado com o anúncio do novo parque de feiras em Caruaru.
“Eu nunca vi os prefeitos dessa região conversarem. Parece que eles são inimigos, que disputam “não sei o que” quando, na verdade, os municípios têm interesses próprios, mas existem os interesses de coletivo da região. É preciso um trabalho com toda a região, independente de grupos e facções. Vamos proteger essa região porque se observa que o crescimento de Caruaru é irreversível, mas corremos o risco de ter as nossas cidades esvaziadas”.
Imposição do nome de Alessandra Vieira por parte do prefeito
Já sobre a decisão de Edson Vieira (PSDB) em pedir seu cargo de secretário de Educação, Dimas afirmou:
“Hoje, estou no grupo e o prefeito acaba de me tirar também. Eu saí, mas era “ou sai ou eu lhe tiro”… Então, me deixa sair antes do que (você) me tirar, porque (Edson) impõe a esposa para ser candidata (a federal) e eu digo que não voto. Não tem homem no mundo que me faça votar uma coisa que eu entenda que não interessa a sociedade”, frisou, citando que a sociedade não deveria ser manipulada pelas lideranças vermelhas e azuis.
Ainda na entrevista, Dimas citou que um dos motivos para manter seu apoio a Da Fonte (PP) é a força que ele tem em Brasília, frente a outros deputados que tem apoio no município.
Esquema de boicote as suas ações como secretário por pessoas ligadas ao governo
O vice-prefeito afirmou que, quando a Secretaria de Educação realizava ações ou eventos, praticamente ninguém ligado ao governo comparecia, incluindo-se a maioria dos vereadores da base aliada.
Como exemplo, Dimas citou os diversos encontros realizados com alunos e pais (projeto Secretaria Itinerante) nas escolas ao longo dos oito meses em que ficou a frente da pasta.
Indagado se haveria uma estratégia no governo para bloquear suas ações, Dimas ficou cauteloso nas palavras, mas não descartou a existência de tal possibilidade.
“Tudo isso era uma maneira de mostrar que eu estava isolado, mas eu repito: não sei se era uma orientação, mas a verdade é que não comparecia… Parece que de fato, assim, havia…” uma operação contra Dimas, indagou Alberes Xavier; Dimas concordou.
Em outro momento mais adiante, Dimas citou que não só os fatores “Alessandra Vieira” e “Eduardo da Fonte” foram culminantes a sua saída, mas que o destaque ganho pela Secretaria teria incomodado “lideranças forjadas” dentro do próprio governo.
“Ele não pensou na sociedade de Santa Cruz, ele pensou na questão política”
Dimas falou o que pensa do Sindicato dos Professores, afirmando que a entidade defende apenas o interesse da classe e não da educação como um todo no município e, quando o assunto foi o prefeito, veio o desabafo:
“Saio com a sensação do dever cumprido, frustrado porque não queria sair (da secretaria). Pedi para sair para não ser botado para fora e lamento a atitude do prefeito porque, sinceramente, eu tenho certeza que ele não pensou na sociedade de Santa Cruz, ele pensou na questão política. Lamentável, porque eu sempre disse nas escolas: ‘Enquanto eu for secretário, não tem mais política partidária, tem política educacional’, mas fui uma voz quase pregando no deserto”, concluiu.
Um recado às pré-candidaturas de Alessandra Vieira e José Augusto Maia
Sobre este ponto, Dimas citou que o projeto de José Augusto Maia (PROS) merecia um “cartão vermelho”, já que seu mandato não teria se refletido em benefícios para o município e para a região.
Já em relação à Alessandra, Dimas foi mais além: colocou a vereadora Narah Leandro (PSB) como a escolha de um nome feminino para o grupo e completou:
“O prefeito não conversou com ninguém sobre isso (da candidatura de Alessandra). Disse que foi a Recife, que o governador (na época Eduardo Campos (PSB) queria que ela fosse candidata e, de uma certa forma, disse que quem não apoiá-la, tem que sair do governo. Eu me assustei porque não consigo entender um “poder com dono”. Eu entendo o poder na democracia quando ele representa o interesse da população. Alessandra, para mim, nem candidata deveria ser, com todo respeito. Se era para lançar uma mulher como o governador queria, porque não lançou Narah?!”, frisou.
Dimas disse que não concordaria que nomes técnicos (como o de Paulo Câmara) fossem candidatos e sim, um político.
Sua pré-candidatura a estadual
Dimas voltou a afirmar que seu pedido de exoneração da Secretaria de Educação foi de maneira forçada e que, para não perder o último trunfo que restava, a possibilidade de ser pré-candidato, teve que fazê-lo para não ser exonerado pelo próprio prefeito na semana seguinte.
O vice-prefeito citou que sua candidatura será levada adiante se ele perceber que terá alguma utilidade e que, em até 15 dias, deve anunciar sua decisão.
Dimas reafirmou que Santa Cruz do Capibaribe não teve nenhum deputado com força para ter sua presença sentida no estado, incluindo-se Augustinho Rufino, Oseas Moraes, Toinho do Pará (PHS) e o próprio Edson Vieira (PSDB).
“Nenhum conseguiu fazer com que o governo sentisse como o pessoal de Petrolina faz, de Caruaru, fazer com que o governo entenda”, concluiu.
Força de Luciano Bezerra e Priscilla Ferreira na prefeitura
Dimas citou que tanto Luciano (secretário de Planejamento e Gestão) como Priscilla (Chefa de Gabinete do prefeito) possuem um espaço muito grande no governo
O vice-prefeito afirmou que várias secretarias no atual governo são de pessoas ligadas a ambos, dando a entender que esse tipo de posicionamento não faria bem a atual gestão.
Indicação de Joselito Pedro a frente da Secretaria de Educação seria um conflito de interesses
“Vou falar com a visão pública. Eu vejo um conflito de interesses. Agora eu vou devolver a pergunta: “Você é dono de uma escola privada e vai ser Secretário de Educação… Você teria interesse de fortalecer a Educação Pública que você sabe que, se essa educação se fortalecer, tende as pessoas da sua escola migrarem para se matricular no setor público… Você vai fechar sua escola?”. Eu acho que há um conflito de interesses nisso. Se eu fosse prefeito, eu nomearia ele como secretario por ele ser proprietário de uma escola privada, não por falta de capacidade, mas porque são dois interesses conflitantes: se eu fortalecer a escola pública, qual o pai que vai pagar por uma escola privada se ele tem uma escola pública de qualidade?! Ele não vai fazer isso”, frisou.
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