Agassiz Almeida: UBI EST ILLA aquela revolucionária da década de 1970?
Presidenta, reaja a essa elite corrupta e covarde. Olhe a história que é imortal, e não o efêmero cargo presidencial.
Ubi est illa, aquela valente que varou as montanhas mineiras e disse ao Brasil que a liberdade não tinha preço.
Ubi est illa, aquela guerrilheira que frente aos carrascos da ditadura militar não se curvou, como milhares de companheiros presos, torturados e mortos não delataram e nem se acovardaram.
Ubi est illa, aquela combatente cuja postura na prisão retratada em foto marcou a sua personalidade.
Onde... onde... onde se encontra? Um profeta do Tibete falou: ocupa o cargo de presidente da República do Brasil, encurralada e perdida nos fios de Ariadne, debatendo-se entre os Eduardo Cunha e uma rede de corruptos e oportunistas que sangra o país.
Presidenta, fale à nação com destemor, sem medo dos panelaços vindos dos apartamentos luxuosos de ricaços empanturrados de privilégios como os de Ponta Negra, Natal, Praia de Belas, Porto Alegre, Cabo Branco, João Pessoa, Copacabana, Rio de Janeiro e Morumbi, São Paulo.
Presidenta, fale à nação e tenha coragem de assumir os seus erros que tiveram a aprovação silenciosa da sociedade e de uma oposição oportunista.
Presidenta, fale à nação antes que um furacão da demagogia cínica lhe abata.
Qual o comportamento dessa oposição bufônica quando o Governo Federal adotou ações de grandes impactos orçamentários?
Muitos aplaudiram e outros tantos silenciaram.
Onde estava e o que falou a burlesca oposição quando o Governo Federal, do qual todos fazem parte direta ou indiretamente, gastou e perdeu recursos orçamentários excessivos com congelamento de tarifas, desobrigações fiscais, inclusive construção de estádios de futebol, isenção do IPI para veículos automotores e isenção de impostos sobre dividendos e lucros de empresas, totalizando um montante em torno de 300 bilhões de reais?
Diante dessas enormes despesas como agiam os corifeus da oposição? Bajulando os EUA e o grande capital com afrontosas agressões a estes líderes sul-americanos do porte de Cristina Kirchner, Nicolás Maduro, Evo Morales, Rafael Correa e Michelle Bachelet.
E como uma das tantas peraltices os sanchos panças da oposição fizeram uma viagem à Venezuela no propósito de se solidarizarem com o terrorista de Estado Leopoldo López.
O que resultou dessa peça quixotesca? Uma gargalhada universal.
Paremos um pouco. Olhemos num olhar shakespeariano o burlesco drama dos bilionários encarcerados pela Operação Lava Jato, lá em Curitiba. Que tipos sórdidos! Neles está escancarada a cara da poderosa elite do país. Cevados nas tetas do Estado, de governo a governo, e presos flagrados na partilha do butim, e de forma infame, traem uns aos outros, num dedurismo cretino alcunhado com o pomposo nome de Delação Premiada. Este cenário torpe me lembra uma passagem da Divina Comédia de Dante Alighieri, no inferno, quando um bando de cachorros são lançados numa jaula e se mordem entre eles, com latidos e uivos aterrorizantes.
Quando o Golpe Militar de 64 desabou sobre a nação milhares de companheiros foram presos, torturados e assassinados. Poucos deles se fizeram delatores. Que contraste com os avacalhados bilionários da Operação Lava Jato.
Presidenta, levante-se! Olhe a História! Nela ressoam os passos daqueles que lutaram e fizeram a humanidade caminhar.
Obs.: Ubi est illa, expressão latina usada por Cícero no Senado Romano, há mais de 2.000 anos, que significa Onde se encontra.
Nota: Agassiz Almeida é escritor, ativista dos direitos humanos, deputado federal constituinte de 1988, autor das obras 500 anos do povo brasileiro, A república das elites, A ditadura dos generais; e recentemente lançou o livro O fenômeno humano. É considerado pela crítica como um dos grandes ensaístas do país.
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