Faleceu na noite do último sábado (4) aos 66 anos, vítima de falência múltipla dos órgãos, o radialista esportivo Mané Queiroz. Ele tinha sido atropelado em Caruaru, Agreste do Estado, no dia 21 de dezembro, e estava internado no Hospital Prontolinda desde o dia 23. Mané passou por cirurgias ortopédicas, mas o comprometimento do pulmão e dos rins prejudicaram a recuperação do radialista, que integrava as equipes da Rádio Jornal e Rádio JC News.
O enterro acontece neste domingo, às 17h, no cemitério Parque das Flores, no Sancho, Zona Oeste do Recife. O velório ocorre na Federação Pernambucana de Futebol (FPF), na Rua Dom Bosco, na Boa Vista, área central do Recife.
Mané foi atropelado por uma moto. Ele estava em Caruaru com a família, para as festividades de Natal, quando foi atingido. Inicialmente foi encaminhado ao Hospital Regional do Agreste, em Caruaru, depois transferido para o Prontolinda, onde passou por cirurgia na perna, braço e punho. A recuperação, entretanto, não aconteceu como esperado: Mané passou a ter dificuldades para respirar e precisou ser entubado e passou a respirar com a ajuda de aparelhos. Desde então, não saiu mais da Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Todos os dias boletins médicos eram divulgados e davam conta que a saúde de Mané estava cada vez mais debilitada. Em uma das entrevistas, um dos médicos que operou Mané, Leonardo Monteiro, lamentou a situação e alertou: "só nos resta rezar".
Mané era uma pessoa bastante querida de todos. Dentro do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC), conhecia todos pelo nome e conversava animadamente. Veja, abaixo, o último registro em vídeo feito de Mané Queiroz, nas dependências da Rádio JC News:
O gerente de programação das Rádio Jornal e JC News, Carlos Miguel, lembrou da dedicação de Mané Queiroz com o trabalho. "Ele voltou para a rádio em 2006, fazendo parte do Escrete de Ouro. Um cara que gostava muito de trabalhar. Era meio maluco, mas muito dedicado ao rádio, vivia o rádio. Como sempre muito irreverente, comentava também notícias fora do futebol", disse Carlos Miguel. "Vai fazer muita falta."
O jornalista José Silvério, também do Escrete de Ouro, conta uma história de 20 anos atrás, quando ele era do plantão da Rádio Jornal e Mané Queiroz da Rádio Clube. "Quando eu dava o placar antes dele, ele ligava para mim, reclamando. E o Aderval Barros, irônico, sarcaástico, disse: 'Mané, não sabe, não? É que eu trouxe um cartão e um rádio dos Estados Unidos (após a Copa de 1994) para Silvério. Ele coloca um cartão de São Paulo, só pega emissora de São Paulo, um cartão do Rio, só pega emissora do Rio, e dá o resultado na frente.' Nesse tempo não tinha internet. E Mané não queria arrumar um rádio desse? Esse rádio nem existia, não existia cartão. Ele era tão puro que acreditava nessas coisas."
Com a voz embargada, o jornalista Marcelo Cavalcante, editor do Blog do Torcedor, do NE10, falou da admiração por Mané Queiroz. "Para mim, é o dia mais triste da crônica esportiva pernambucana. Tive o prazer de conviver diariamente com Mané, um amigo. Admirava o carisma dele com todo mundo, tanto ouvintes como funcionários da empresa. Chamava todo mundo pelo nome, deixava todos sempre à vontade. Quando eu tinha dificuldade de pegar informações do interior, da Copa Pernambuco, eu ligava para ele, e Mané parava o que estava fazendo para me ajudar. Perdemos um profissional muito bacana e, sobretudo, um amigo, e teremos que conviver com isso. Vai ficar só a saudade e as lembranças das coisas boas que ele fez."
Mané também é lembrado como referência pelo repórter Wellington Araújo, do Escrete de Ouro. "No rádio sempre existiu um trio que nos espelhava: ele, o irmão (Roberto Queiroz) e Ralph (de Carvalho). A gente cresceu ouvindo e esse trio foi quebrado agora. Fiquei muito triste. Visitei ele no sábado e saí de lá com uma sensação de ele não terminava o dia. Mané era a alegria do trabalho pra gente, o cara que a gente brincava, que nunca chegava triste. Uma referência em termo de alegria. Estou de férias e não sei como vou entrar no trabalho sem ele lá quando voltar."
O irmão do radialista, o narrador Roberto Queiroz resumiu Mané em uma palavra: alegria. "Mané era só alegria. Nada mais do que isso. Dizendo isso, estamos dizendo tudo dele. Uma pessoa muito alegre, que levava a vida de uma forma muito diferente, só alegria."
O apresentador Aldo Vilella contou à Rádio Jornal uma brincadeira do amigo. "Mané pregava aos quatro cantos que era mestre de Maciel (Junior) e meu. É tão estranho ver a morte estúpida, a maneira tão brutal que ele deixa a gente. Infelizmente, ter que acordar com uma notícia dessa, mesmo que estivéssemos sendo preparados desde o acidente, a internação, mas a gente nunca quer. Tenho certeza que ele não queria tristeza. Ele tinha feito até a solicitação 'quando eu morrer, você vai ser meu mestre de cerimônia' na brincadeira."
Mané Queiroz era formado em economia, psicologia e história, além de ser radialista.
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