Eduardo Campos em postagem no Facebook voltou a criticar os rumos da política econômica do governo Dilma. Contudo ele ressaltou os avanços sociais conquistados nos governos Lula/Dilma, que para ele "foram decisivos para que o Brasil de hoje fosse um país diferente daquele de décadas atrás".
Confira a postagem do governador de Pernambuco no Face:
"Fui convidado pela organização do Fórum Econômico Mundial, que aconteceu em Davos, a participar do evento, mas meu filho Miguel está para nascer a qualquer momento. Família em primeiro lugar. Restou-me acompanhar com atenção todas as notícias de Davos. Li a carta aberta publicada pelo empresário Bill Gates que aborda as mudanças econômicas das últimas décadas, que o levaram a concluir que quase não haverá países pobres em 2035.
Em seu texto, que serviu como base para sua aguardada palestra no Fórum, Gates enumera três boatos que não apenas são totalmente falsos como extremamente prejudiciais ao desenvolvimento global: países pobres estão condenados a permanecer pobres; assistência externa é um grande desperdício; e, por fim, salvar vidas resulta em superpopulação. Gates, que é um dos maiores filantropos do mundos, desmente cada um destes boatos, explicando como o panorama mundial da economia e a distribuição da riqueza entre as nações vêm mudando, especialmente graças ao fato de que, dos anos 60 para cá, mais de um bilhão de pessoas se afastaram da pobreza extrema.
Talvez haja um excesso de otimismo na avaliação do empresário. Afinal, é difícil imaginar uma reviravolta tão grande no sistema capitalista global e em tão pouco tempo. Mas não posso deixar de torcer para que ele esteja certo.
Vejamos o caso do Brasil. Se dividirmos a história brasileira recente em ciclos, é possível enxergar com clareza como e onde o Brasil cresceu desde a restauração da democracia. Tivemos o período da estabilidade econômica, no governo de Fernando Henrique, e um processo de inclusão social nos mandatos de Lula. Esta evolução vista nas últimas décadas foi muito importante, sendo decisiva para que o Brasil de hoje fosse um país diferente daquele de décadas atrás.
Mas as conquistas recentes do Brasil, tanto no contexto da inclusão de segmentos no consumo quanto na dimensão social, estão ameaçadas pelos erros recentes na condução da política econômica. O atual governo não apenas não foi capaz de manter os pilares macroeconômicos como não conseguiu ser inovador nas soluções para os novos problemas do país. Pior. Colocou em xeque, dentro e fora do Brasil, a nossa credibilidade, fazendo malabarismos contábeis para passar a ideia de que está tudo bem.
A relação entre um país e os atores econômicos precisa ser pautada na confiança. A gente só investe em quem acredita. É assim no amor, é assim na vida, é assim na economia. Se você tem um casamento que está numa fase ruim, não adianta fazer de conta que não está porque só vai ficar pior. É preciso conversar com o parceiro ou parceira, identificar as origens do problema e renovar os laços para futuro. Sou casado com a mulher que comecei a namorar quando tínhamos 15 anos. Sei do que estou falando.
É hora do Brasil recuperar sua credibilidade, renovar seus laços com os fundamentos econômicos, incluir compromissos futuros com a sustentabilidade social e ambiental. E, definitivamente, é hora de investir maciçamente em educação.
Se o mundo irá superar a pobreza, como diz Bill Gates, não posso garantir. Mas o Brasil tem plenas condições de conseguir deixar de ser um país do futuro e passar a ser o país do presente".
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