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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Zona rural cada vez mais desertas.

Agricultores abandonam suas casas para escapar da seca em PE
 
















Casas fechadas, abandonadas, sítios e fazendas desertas. O cenário se repetiu ao longo dos 5,4 mil km que este blogueiro percorreu em 15 dias no Sertão pernambucano para retratar a maior seca dos últimos 50 anos no Nordeste. Nos últimos anos, o semiárido nordestino vive um fenômeno diferente: o êxodo rural do campo para as periferias das cidades sertanejas e não mais São Paulo, como nas décadas de 70 e 80.
A saída da população da zona rural para as cidades se dá em busca de água. Somente em Pernambuco, mais de 150 municípios estão em situação de emergência.  Em todo o Nordeste, mais de quatro milhões de pessoas estão em áreas diretamente afetadas pela estiagem.

















O Censo 2010 do IBGE mostrou que o número de pessoas que moram em áreas rurais continua diminuindo no País, porém num ritmo menor do que na década anterior. De acordo com a pesquisa, a população rural no País foi reduzida em dois milhões, entre 2000 e 2010, o que representa metade dos quatro milhões que foram para as cidades na década anterior.
Doutor em economia popular e professor da Universidade Federal de Alagoas, Cícero Péricles disse que 80% da população nordestina já vive em áreas urbanas, com povoados e cidades cada vez mais habitados. Para ele, isso é reflexo da maior quantidade de serviços ofertados, o que fica ainda mais evidente durante as secas.

















“No semiárido, esse índice [de urbanização] ainda não foi alcançado, mas caminha nessa direção. Nas zonas urbanas, as adutoras ou os carros-pipa levam a água, e os programas sociais são mais presentes. Portanto, as possibilidades econômicas são mais efetivas que na área rural. Daí o movimento campo-cidade ter um aumento de fluxo”, afirma.
A seca traz enormes danos sociais e econômicos à população e à economia do semiárido. O prejuízo é imediato pela impossibilidade do plantio decorrente da falta de água ou mesmo a perda total da colheita. Essas perdas familiares repercutem na vida comercial dessas cidades, reduzindo o vigor das feiras e das atividades na prestação de serviços.

















Como são localidades pobres, sem um tecido econômico dinâmico, as consequências imediatas desse fenômeno são vistas de maneira mais dramática, com relatos de perda de patrimônio e endividamento das famílias de agricultores e moradores da área rural e urbana.
 A diferença do atual êxodo rural em relação ao ocorrido com mais intensidade nas décadas de 70 e 80, é que em vez de Rio de Janeiro e São Paulo, o destino dos nordestinos está mais próximo: muitas vezes é o próprio Nordeste e a região Norte.

















Em Serra Talhada, é muito fácil encontrar moradores que estão desistindo da vida no campo e abandonando as casas em busca de uma “vida com água”. Na comunidade do sitio Pereiro, o último a fugir da seca e abandonar a sua casa foi José Francisco Silva, 44 anos, um dos moradores mais antigos da comunidade e que deixou o casebre onde vivia para ir morar na própria periferia da cidade.
 “Só passar sede e fome sem assistência de ninguém? Aqui, não temos nem energia, nem água. É um sofrimento muito grande”, contou um vizinho dele, que ainda resiste por lá, mas que também faz planos de tentar uma vida mais digna na parte urbana da cidade ou até mesmo em outro Estado.
magno martins

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