Uma tecnologia fotoquímica, de baixo custo, desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), promete contribuir com outras tecnologias para pôr fim, ou pelo menos reduzir de forma efetiva, na proliferação do mosquito Aedes aegypti, causador da dengue. O invento, em contato com a água e a luz solar, impede a eclosão dos ovos do mosquito e mata as larvas recém-nascidas.
Os cientistas testaram a ideia em dois meios: um tijolo de concreto autoclavado e uma manta. Ambos são encontrados no mercado, o que torna a proposta bastante acessível. Um dos segredos da tecnologia está no líquido que é aplicado, tanto no tijolo como na manta e, por questão de sigilo pelo pedido da patente, não pode ser revelado, ainda. “Posso garantir que a mistura usou água como solvente e produtos naturais, que não causam danos ao meio ambiente e, depois da ação, se neutraliza, sendo atóxica”, afirma o professor do Departamento de Química da UFMG e coordenador da pesquisa, Jadson Cláudio Belchior.
A ideia de testar o tijolo nesse experimento surgiu de outras pesquisas que o grupo coordenado por Belchior desenvolvia usando o material. Segundo o professor, foi interessante adotá-lo nesse projeto da dengue porque o tijolo é poroso e de baixa densidade, por isso, flutua na água. “Como a larva necessita ir até a superfície ou fica encostada nas paredes dos recipientes, tínhamos de encontrar algo cuja ação se desse no mesmo nível. E a larva do Aedes, para sobreviver, vai à superfície e mergulha; ela faz isso repetidas vezes”.
A larva irrompe o processo quando o ovo encontra um local propício para se desenvolver. Além de água limpa, ela precisa de material orgânico e oxigênio. Um dos fatores que mais dificultam o combate ao Aedes aegypti é que os ovos, mesmo sem eclodir, têm uma vida longa demais, sem contato com a água: cerca de 400 dias. Então, um punhado de ovos, contaminados com a dengue, ficam em local seco por mais de um ano e, ao menor contato com a água, se tornam uma real ameaça, já que a larva vai seguir seu ciclo normal e se transformar no mosquito. A proposta da equipe da química da UFMG foi criar um mecanismo que não deixasse a larva eclodir ou não permitisse o desenvolvimento das larvas já formadas, matando-as por asfixia ou por falta de alimentação, uma vez que exterminar o mosquito é mais difícil.
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