Um relatório da Euromonitor International, que sinaliza as dez tendências globais para os próximos cinco anos, apresenta uma conjuntura econômica futura bem parecida com a que os países de todo o mundo estão vivendo atualmente. No entanto, de acordo com algumas das teorias que se aplicam aos países da Zona do Euro e a outros que estão sofrendo fortemente, os impactos da crise econômica mundial vão de encontro à realidade brasileira. Um mundo com jovens desiludidos, com incertezas econômicas e com disparidades de renda, por exemplo, fazem parte dessa lista. O relatório prevê, ainda, que os países dos próximos anos devem ser mais conectados, com uma população mais madura e urbana e com uma classe média mais sólida nos países emergentes.
O documento busca fazer uma análise do futuro dos mercados consumidores. Dentro dessa perspectiva, por exemplo, o texto aponta as consequências geradas pela crise econômica mundial, que eclodiu nos Estados Unidos da América (EUA) em 2008 e repercutiu fortemente em países europeus, a exemplo da Grécia e de Portugal. As medidas de austeridade, as dívidas fora de controle e os distúrbios políticos globais, por exemplo, deverão causar o maior nível de incerteza política e econômica dos últimos anos.
Para que este cenário seja minimizado, de acordo com o economista e professor da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), José Alexandre Ferreira, é necessário que sejam feitos investimentos, inclusive no Brasil. “O Governo brasileiro ofereceu uma série de benefícios fiscais no ano passado, mas vai chegar uma hora em que as pessoas não terão como consumir bens duráveis. Já o mercado de trabalho, apesar das dificuldades, está bem melhor que o dos países europeus. No entanto, é importante saber que isso não se mantém por muito tempo. Sendo assim, é fundamental que o País invista na capacitação desses jovens e no capital humano”, avalia Ferreira.
Segundo o professor de Economia Internacional da Faculdade Boa Viagem (FBV), Olímpio de Arroxelas, o Brasil não está imune ao que está acontecendo no exterior, mas, em alguns sentidos ele tem andado na contramão das tendências mundiais. “Em vários países desenvolvidos, por exemplo, você tem um processo de piora na distribuição de renda. Há 15 anos, nós sentimos uma queda no índice de pobreza. Isso acontece por conta de programas sociais do Governo e também por questões demográficas, prioritariamente, a queda no índice de fertilidade”, explica. Além disso, a redução no índice de desemprego no Brasil destoa do cenário internacional.
O economista e presidente da Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco (Condepe/Fidem), Maurilío Lima, lembra que, em Pernambuco, muitos projetos em andamento serão concluídos nos próximos cinco anos. “Os grandes empreendimentos instalados no Estado da indústria automotiva, da naval e da alimentícia estão melhorando a renda de muitas famílias e fazendo com que várias delas saiam da zona de pobreza. Mas o pequeno crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro do ano passado indica um alerta: é preciso investir nos setores, pois só assim o cenário se firmará”, finaliza.
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